Muitas são as aflições dos justos,mas o Senhor o livra de todas.Bem aventurados os puros de coração,porque eles verão a Deus.obrigada pela sua amizade,Deus te abençõe sempre.
[1]
No século dezenove alguns estudiosos buscaram o "Jesus histórico" convencidos de que a igreja primitiva havia criado o "divino Cristo da fé". Nos anos de 1920, os primeiros críticos da forma, liderados por R. Bultmann e M. Dibelius, rotularam Mateus e Marcos como "primariamente editores e colecionadores de tradições", e seus evangelhos como inquestionáveis "escritos de natureza não-literária".[2] Na opinião de ambos, o Evangelho consiste de coleções de histórias as quais têm sido contadas e recontadas por mestres e pregadores. Essas histórias são úteis para informar sobre a fé na comunidade cristã primitiva, mas não são consideradas base para a vida de Jesus. Como resultado, os críticos da forma centralizaram-se na formação das unidades individuais dos Evangelhos.
Por volta da metade do século XX, as investigações avançaram na direção da reintegração do texto. Críticos de redação, como W.Marxsen, enfatizaram a necessidade de se ver os escritores dos evangelhos como "artistas criativos guiados por conceitos teológicos e problemas comunitários".[3] Entretanto, ao investigarem o modo pelo qual as unidades individuais, histórias e ditos dos evangelhos foram juntados, não viram como as essas unidades se relacionam umas com as outras, formando uma narrativa contínua, na qual cada episódio é compreendido em relação ao todo.
Parece, porém, que os esforços da crítica da forma e da crítica da redação redundaram em resultados pouco satisfatórios no que tange a descoberta dos processos pelos quais o texto do Evangelho de Marcos chegou a ser produzido. Após muitos anos estudando as questões da crítica da tradição e da crítica da redação no Evangelho de Marcos, Normam Perry conclui que essas questões têm valor insignificante na interpretação: "o que importa é a função do texto em relação ao Evangelho como um todo".[4]
Enquanto algumas pesquisas sobre forma e redação contribuíram para o estudo do Novo Testamento, a tentativa de se descobrir e analisar porções pré-literárias têm resultado na diluição do todo. Quando o texto é visto como algo parecido com a forma literária de uma "coleção de selos" o resultado é a desintegração dos Evangelhos. Quando, porém, Marcos é lido segundo os seus próprios méritos, os leitores reconhecem que ele não é nenhum escritor ingênuo ou simplório, mas habilidoso. O grego, evidentemente, não era sua língua materna, mas sua simplicidade lingüística "não deve levar o intérprete a deduzir simplicidade nos padrões de pensamentos".[5]
A partir do início dos anos de 1970 houve uma intensificação no trabalho de crítica literária, o que fez com que muitos estudiosos passassem a considerar o Evangelho de Marcos como produto de um autor criativo. Eles vêem que o importante é uma abordagem sintética, que evite a pulverização da narrativa. Sem descartar percepções adquiridas de outras metodologias, agora analisam o todo como uma narrativa unificada. As partes são examinadas em relação ao todo e o todo em relação às partes, num processo contínuo.
Cada Evangelho tem seus traços distintivos, que refletem a riqueza de suas fontes sintonizadas com as necessidades de seus leitores originais. Por essa razão, os Evangelistas reportavam os mesmos ditos de Jesus de forma diferente (compare, por exemplo, Mc 10.18 com Mt 19.17). A partir do material que tinha em mãos, cada autor selecionou cuidadosamente os episódios que mostravam quem Jesus era e os organizou de maneira a desafiar seus leitores a um discipulado radical. Marcos não descreve os fatos como um historiador moderno, nem relata o que Jesus ensinou, palavra por palavra, como um oficial de justiça na corte. Contudo, ele apresenta Jesus e seus ensinamentos de maneira precisa, de modo a traduzir o que havia de mais relevante para os seus leitores. Ele omitiu algumas coisas que desejaríamos saber. Mas isso não significa que ele não as conhecesse — elas talvez fossem irrelevantes para os seus propósitos, ou de conhecimento comum.
Quando um texto é entendido como uma composição na qual o teólogo deliberadamente seleciona seu material e cuidadosa e criativamente o compõe, segundo os seus propósitos, muitas das supostas contradições se tornam ilusórias.
Em seu plano global, o Evangelho de Marcos progride cronologicamente, do batismo de Jesus por João até a sua Crucificação e ressurreição. As linhas gerais das jornadas de Jesus podem ser traçadas a partir de suas caminhadas pela Galiléia, e de sua viagem à Jerusalém. Uma vez que a atividade salvadora de Deus se deu no contexto de eventos históricos, Marcos apresenta o seu Evangelho na forma de narrativa histórica. A riqueza de detalhes gráficos é evidência de sua confiabilidade histórica.
Entretanto, nem a cronologia nem a geografia governam todos os detalhes de sua narrativa. O autor sentiu-se livre para lançar mão de eventos ocorridos em outras épocas ou lugares quando esses esclareciam o tema proposto. Como exemplo, uma vez iniciada a oposição dos líderes religiosos (2.1-12) Marcos desenvolve o tema em cinco confrontações, as quais culminam com o plano para matar a Jesus (3.6). Ele compõe cuidadosamente essa unidade literária a fim de alcançar a sua intenção teológica. Apresentar a pessoa de Jesus e porquê ele morreu é mais importante do que a seqüência dos acontecimentos. Isso não significa que Marcos tivesse inventado incidentes ou ditos de Jesus. Não há qualquer indicação de que ele tenha feito isso. Sua criatividade aparece em sua habilidade de tornar o material significativo para os seus leitores, de acordo com o seu propósito.
O propósito supremo do autor está alinhado como propósito de Deus em revelar-se: ele deseja que cada leitor conheça a Deus. Isso significa mais do que pensar corretamente sobre Deus. Significa conhecê-lo pessoalmente. Marcos procura alcançar esse alvo apresentando a pessoa de Jesus Cristo, por estar convencido de que é somente por meio do Filho de Deus que podemos conhecer o Pai.
Embora o próprio Marcos tenha citado o Antigo Testamento somente duas vezes (1.2-3 e 15.24), seu Evangelho inclui um número considerável de alusões e citações sintetizadas tiradas especificamente do Pentateuco, dos Salmos e dos Profetas (incluindo alguma coisa de cada capítulo de Daniel). As citações são combinadas, derivando significância vital a partir de suas sínteses (cf. 1.11; 13.24; 14.62).
Marcos emprega repetições, ciclos, inversões sintáticas e progressões duplas e triplas. Justapõe os pensamentos a fim de grifar comparações e contrastes. O uso dos diálogos e da ironia por Marcos traz o leitor para dentro dos acontecimentos como um participante. Ele geralmente insere histórias dentro de histórias para interpretar a narrativa para o leitor; utilizando algumas vezes paralelismo para comentar ou reforçar significados. Marcos constrói habilmente os significados de termos como "pão" e "caminho". No esforço de evitar falsas conotações, ele toma especial cuidado com títulos que se referem a Jesus (cf. "Cristo", em 8.29). Essas e outras características literárias serão consideradas à medida em que aparecerem na narrativa.
Embora nunca use a palavra ekklesia (igreja), Marcos apresenta o crente como membro da família de Deus. Ele esclarece conscientemente a importância da vida e da morte de Jesus para as necessidades da igreja primitiva. Ele põe sobre ela a responsabilidade de chamar as pessoas ao arrependimento e a discipular cada um dos crentes. Marcos percebe quais são as necessidades dos cristãos lutando pela fé num mundo hostil. Sua preocupação se estende até mesmo aos líderes das comunidades, ao sinalizar que eles podem cair nas mesmas armadilhas nas quais a liderança religiosa judaica caiu e, por isso, foi censurada por Jesus.
Pelo fato do Evangelho se constituir numa unidade, o leitor tem que ver o todo para poder entender adequadamente qualquer uma das partes. Infelizmente, nós normalmente lemos os Evangelhos em pequenas porções e as interpretamos sem levar em conta o contexto imediato ou o livro como um todo. O Evangelho de Marcos demanda uma abordagem "holística" (integrada), pois somente poderemos entender uma passagem em particular se considerarmos sua função dentro da narrativa como um todo. Este escritor procura abordar Marcos como um relato coerente, concentrando a atenção no texto como ele se apresenta, com suas sugestões para que se considere seriamente suas incontáveis referências, diretas e indiretas, ao Antigo Testamento.
Marcos reuniu muitos episódios da vida e do ministério de Jesus entrelaçando-os criativamente numa nova e vivida unidade. O resultado é uma narrativa unificada e coesa, tendo Jesus Cristo como tema central entre outros que se repetem como uma grande sinfonia através do Evangelho. O multiforme esplendor do Filho de Deus, que é totalmente humano, se revela através da vida, morte e ressurreição de Jesus. Com muita amabilidade e preocupação pastoral, Marcos desenvolve o discipulado como um tema secundário. Esse é inseparável do tema dominante — Jesus —, pois por meio da singular identidade de Jesus, Deus chama homens e mulheres a um discipulado radical.
Numerosos outros temas estão presentes e são claramente detectáveis. Entre eles está o "reino de Deus", uma realidade presente entre os homens, porém ainda não consumada. Esse espalha-se entre as nações sem nenhum alarde: seu triunfo final e universal é aplaudido nos céus.
O tom pastoral aparece e desaparece numa alternância melodiosa. As dissonâncias ressoam à medida em que o reino de Deus entra em conflito com a humanidade centrada em si mesma, e com os poderes políticos e religiosos de expressão cósmica, mas humanos, e satânicos na origem. A harmonia parece rejeitada à medida em que os temas paradoxais do revelado e do oculto, da força e da fraqueza, do primeiro e do último, e da vitória pelo sofrimento são construídos na preparação de um clímax aparentemente impossível. O rei é coroado com espinhos. Rejeitado pelos seus, é aclamado por um dos que o crucificaram. E o pastor afligido ressurge para levar suas ovelhas desgarradas a tornarem-se pescadores de homens entre todas as nações.
Assim como aquele que ouve o coro "Aleluia", do "Messias" de Handel, jamais se esquece dele, assim também não poderá esquecer-se da sinfonia de paradoxos quem lê Marcos. Somente entrando na história podemos captar sua verdadeira beleza e significado. A medida em que vemos e ouvimos, tocamos, sentimos e inalamos o que está acontecendo com as pessoas retratadas, começamos a sentir o bater de seus corações e a experimentar o verdadeiro sentido e a alegria de seguir a Jesus.
Encorajo o leitor estudar o texto de Marcos antes de ler os comentários que seguem abaixo. Faça da própria Bíblia o centro de seus estudos. Antes de mais nada, leia e releia o texto para descobrir o que ele diz. O segundo passo, é tentar descobrir o que ela significava para os leitores originais. Somente então o leitor estará apto a perguntar "o que Deus quer de mim à luz dessa passagem?". O leitor não deve negligenciar esse último passo, pois o estudo bíblico só termina quando é aplicado à vida. O Evangelho não foi escrito apenas para passar informação; foi escrito para transformar vidas.
Ao estudar as Escrituras, devemos ignorar a tradicional divisão do texto em capítulos e versículos, pois ela é geralmente artificial, e algumas vezes até prejudicial. Nossa tarefa requer que descubramos a maneira pela qual o autor dispôs o seu texto original, pois ele se comunica por intermédio do relacionamento de suas unidades literárias tanto quanto pelas palavras. Marcos não representa a simples adição de componentes, mas uma unidade integrada. Desde o princípio o autor constrói sua narrativa em direção ao clímax, empregando habilmente as técnicas literárias já mencionadas.
Na página seguinte inserimos uma "Panorâmica" do que entendemos sejam as divisões básicas do Evangelho de Marcos. Este comentário é também estruturado de acordo com o nosso entendimento de como ele organizou seu material.
Este autor escreve o presente comentário como um seguidor de Jesus Cristo, com o desejo de que este estudo, ainda que imperfeito, encoraje o leitor a seguir a Jesus no seu discipulado radical.
PREPARAÇÃO -1.1-13
Com seis palavras muito bem escolhidas, o autor intitula o seu trabalho como "Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus". Ele irá conferir a essas palavras uma significância vital e duradoura à medida em que retrata a vida de Jesus entre homens e mulheres na Palestina. Prenunciado pelos profetas, e dramaticamente anunciado por seu mensageiro João, Jesus é ungido pelo Espírito Santo e uma voz vinda do céu o chama de "meu Filho". Seu aparecimento desencadeia um conflito com Satanás. Esses fatos substanciam a declaração de que Jesus é o Filho de Deus.
Em sua breve introdução, o autor descreve a preparação das pessoas para a vinda de Jesus e a preparação de Jesus para o seu ministério. Os primeiros treze versículos de Marcos formam o "pano-de-fundo" de seu Evangelho. Todo o restante deve ser lido sob essa ótica. Ao dar informações privilegiadas aos seus leitores, o autor nos prepara para vivermos "o evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus".
A. O TÍTULO DESTE EVANGELHO 1.1
O termo Grego euanggélion[6] ("evangelho") tinha um tom alegre, pois estava associado à proclamação de um comunicado político ou de uma vitória militar que resultara em benefícios para muitas pessoas. Sob essa perspectiva, o "evangelho" alerta os leitores ao anúncio de um evento histórico que trará resultados benéficos para a humanidade.
Além disso, a palavra tem um significado profético para aqueles familiarizados com o Antigo Testamento. Isso lembra a promessa de boas novas (Is 61.1 s), renovando a esperança de que, por meio do seu servo ungido, o Espírito do Soberano Deus proclamará a libertação dos oprimidos (cf. Lc 4.17ss). Ele traz a segurança de que Deus está presente (Is 40.9), e está no controle (Is 52.7).
O Novo Testamento nunca emprega o termo euanggélion para indicar um livro. Por volta de 150 d.C, Justino Mártir utilizou pela primeira vez o termo referindo-se a um livro que apresenta a pessoa de Jesus Cristo. Nesse sentido, a expressão "os quatro Evangelhos" refere-se, Comumente, aos primeiros livros do Novo Testamento.
A palavra "evangelho" adquiriu um significado adicional, também não encontrado no Novo Testamento. Refere-se a um estilo literário em particular que não se encaixa em outras categorias de composições. O "gênero Evangelho" inclui elementos biográficos mas não se constitui numa biografia de Jesus. Relata dados históricos e geográficos, contudo não podemos reconstruir uma cronologia exata da vida de Jesus com esses dados; nem mesmo mapear cada passo de seu itinerário. É uma narrativa com diferentes cenas entretecidas numa história unificada, coerente e completa. Todavia, o evangelho é mais do que uma narrativa, pois seus eventos são interpretados da perspectiva de Deus. É uma narrativa teológica.
As boas novas se referem a Jesus de duas maneiras: são as boas sobre Jesus e ao mesmo tempo são as boas novas que vêm dele. O evangelho apresenta Jesus e é ele mesmo quem proclama o evangelho. A essência da mensagem que prega é ele mesmo. A boa nova é a pessoa do próprio Jesus, a figura central em meio aos diversos cenários e personalidades apresentadas no livro.
O nome "Jesus" era utilizado em Israel desde a época de Josué (que é a forma hebraica do mesmo nome) e significa "o SENHOR é a salvação" (Mt 1.21). A designação "Cristo", significando "ungido", é a tradução grega do hebraico "Messias", a esperança de Israel.
No princípio de seu Evangelho, Marcos une os dois termos Jesus Cristo. Tendo declarado que Jesus é o Cristo, o Messias prometido por Deus por intermédio dos antigos profetas, o autor usa a palavra "Cristo" somente algumas vezes (8.29; 9.42; 12.35; 13.21; 14.61; 15.32), provavelmente para minimizar falsas expectativas ligadas ao Messias naquela época.
A última afirmação no título do Evangelho de Marcos fecha a porta à possibilidade de Jesus ser visto como apenas um homem entre outros. O evangelho origina-se em Deus (1.14); e da mesma forma Jesus Cristo. Ele é o Filho de Deus.[7] Isso é afirmado muitas vezes, de modo a sublinhar sua importância. Jesus é chamado o Filho de Deus pelo próprio Deus (no princípio 1.11, e perto do meio do livro, 9.7), e por um homem, o centurião encarregado da Crucificação (perto do final do livro, 15.39). A organização desse Evangelho gira em torno das referências a Jesus como o Filho de Deus.
Marcos não relata o nascimento de Jesus (como o fazem Mateus e Lucas), a fim de mostrar que Jesus é o Filho de Deus. Sua apresentação é diferente da dos outros evangelistas, embora todos insistam que na contemplação do Filho, nós temos uma oportunidade única de conhecer a Deus, o Pai — sua natureza, suas ações e seus propósitos para conosco.
Além dessas afirmações no Evangelho de Marcos, a filiação divina de Jesus está implícita em muitas de suas próprias declarações (8.38; 12.6; 13.32; 14.36;62), e na pergunta do sumo sacerdote (14.61). Quando os espíritos maus fazem declarações semelhantes, Jesus exige que se calem (3.11; 5.7). Depois de destacar a frase "Filho de Deus", colocando-a estrategicamente no início de sua narrativa, Marcos vai adiante enfatizando a humanidade de Jesus como nenhum outro Evangelho. Ao acompanharmos o desenrolar da narrativa, entenderemos melhor as conotações, tanto humanas como divinas, da declaração "Jesus Cristo, o Filho de Deus".
A primeira frase do título "o princípio do evangelho" poderia ser uma referência às promessas do Antigo Testamento (1.2s), ao aparecimento de João Batista (1.4-8) ou ao Prólogo como um todo (1.12s), pois cada um desses pontos é, em certo sentido, um "princípio do evangelho". Marcos, entretanto, parece apresentar todo o livro como "o princípio do evangelho", pois essa é uma história que continua com a proclamação do evangelho pelos apóstolos, e continua hoje "onde quer que o evangelho seja pregado" (14.9). Este é o novo livro de Gênesis (ambos começam com "princípio"). O Evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus, tem um princípio no tempo e no espaço. Não há, no entanto, um ponto final, pois leva à vida eterna no porvir (10.30).
Em seu título, Marcos pressupõe o plano geral de seu Evangelho, dividido em duas etapas: Jesus o Cristo (capítulos 1 a 8), o Filho de Deus (8 a 16). O centro do livro (8.27-31) se constitui na transição da primeira para a segunda parte. Ao final da primeira etapa, Pedro confessa que Jesus é o Ungido; quase ao final da segunda parte, o centurião confessa que Jesus é o Filho de Deus. Na primeira, Jesus demonstra sua autoridade pelas suas palavras e seus feitos; na segunda, a ênfase recai no sofrimento de Jesus em obediência filial a Deus. Na primeira ele serve em poder; na segunda em fraqueza. Aqui, como através de todo Novo Testamento, a salvação que Deus oferece ao mundo está inseparavelmente mesclada com a pessoa de seu Filho, Jesus Cristo.
O autor desenrola a dramática história do "Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus", uma história que oferece um novo começo para aqueles que prestarem atenção ao convite de Jesus "Siga-me".
B. O PRÓLOGO, 1.2-13
Aqui o autor apresenta a preparação humana e sobrenatural do ministério de Jesus. De acordo com a mensagem profética, João aparece, preparando as multidões para virem ao Senhor. Jesus se identifica com pecadores no seu batismo, em cuja oportunidade Deus declara que Jesus é o seu Filho amado, de quem se agrada. O Espírito Santo unge Jesus e o conduz ao deserto para ser tentado por Satanás.
Em contraste com o conhecimento público da missão de João, as pessoas não percebem a atividade especial de Deus aqui. O autor transmite essa informação privilegiada aos seus leitores a fim de que possam conhecer a Jesus como o Filho de Deus.
A PROCLAMAÇÃO DE JOÃO 1.2-8
Deus prometera redimir seu povo. Durante séculos, no entanto, ele não enviou profeta a Israel. Apesar disso, alguns ainda esperavam pelas boas novas. Essa esperança ressurge com a aparição de um profeta chamado João, e muitos arrependem-se abertamente em preparação para a chegada do Prometido.
Em meio à essa expectativa renovada, Jesus vem como cumprimento das profecias. Seu batismo no rio Jordão e sua tentação no deserto não são nada que se pudesse esperar, considerando-se a declaração prévia de que Jesus era o Filho de Deus. Entretanto, esses eventos que circundam o batismo de Jesus são inigualáveis. Embora apresentados com grande simplicidade, são dramáticos e cheio de surpresas.
O prólogo é composto de três parágrafos, todos relacionados à preparação. O primeiro (vv. 2-8) mostra como João ensina o povo a se preparar para o Prometido. Com o aparecimento e o batismo de Jesus no segundo parágrafo (vv. 9-11), a missão de João se cumpre e ele desaparece de cena. Deus, o Pai, e o Espírito Santo preparam Jesus para seu ministério, confirmando assim que é nele que as promessas serão cumpridas. No terceiro parágrafo (vv. 12s), Jesus, sob a direção do Espírito, é tentado e seu adversário identificado.
Jesus permanece "passivo", ao longo de toda essa seção, mesmo sendo o centro de tudo que está acontecendo. Por meio do ministério de outros ele está sendo preparado para o seu ministério que está prestes a começar (1.14).
1.2-3 - No passado Deus falou (Hb 1.2) alimentando a esperança entre o povo. As boas novas estão enraizadas nas promessa do Antigo Testamento e são compreendidas à luz das mesmas. Os eventos nas narrativas seguintes ocorrem em cumprimento ao plano estabelecido por Deus, conforme anunciado pelos profetas. Referindo-se ao profeta Isaías (v.2), Marcos enfatiza que Deus (que falara no passado) está, agora, a ponto de completar a salvação prometida.
A esperança nasce especificamente em relação às profecias mencionadas, pois elas foram cumpridas com o aparecimento de João e de Jesus. Identifiquemos as pessoas mencionadas: O Senhor Deus fala ao Messias: "Eu enviei meu mensageiro João à sua frente, para preparar seu caminho. No deserto, meu mensageiro chamará o povo de Israel para preparar o caminho do Senhor."
Nessa citação, Marcos segue a prática comum de seu tempo, de juntar duas ou três passagens do Antigo Testamento. Ele ligou Êxodo 23.20, conforme expresso em Malaquias 3.1, a Isaías 40.3. A promessa dada em Êxodo refere-se à ação de Deus na fuga de Israel do Egito, enquanto que Isaías olha para o futuro. Ambos despertam expectativas dormentes por muito tempo. Juntos eles dizem: "Deus está para agir". Conseqüentemente, aparece Jesus. (v.9).
1.4-6 - João, o mensageiro de Deus surge, pregando no deserto, exatamente como fora prometido. O deserto lembra a experiência de Israel quando, livres da escravidão do Egito, os israelitas foram disciplinados por Deus na preparação para a entrada na terra prometida. Agora Deus está começando um novo Êxodo. Separando-se da vida religiosa fácil e institucionalizada, multidões vão ao deserto para ouvir a João.
Embora nenhuma voz profética tivesse sido ouvida por séculos, os fiéis continuam esperando que Deus cumpra suas promessas. Eles crêem que um profeta surgirá nos últimos dias, preparando o dia do Senhor. Ele será um fiel emissário de Deus na mesma linha, e com a mesma mensagem, dos verdadeiros profetas da história de Israel. Essa esperança é alimentada pelas palavras de Deus por Malaquias (4.5s), "Eu lhes enviarei o profeta Elias antes que venha o grande e terrível dia do Senhor", um dia de julgamento e de salvação. Esse profeta anunciaria o cumprimento das antigas profecias.
Marcos não descreve a aparência de Jesus em nenhum lugar, embora ele seja a figura central do Evangelho. No entanto, descreve propositadamente a comida que João comia e as roupas que vestia (v. 6), em termos que nos remetem à roupa de pelos e o cinto de couro de Elias (2 Rs 1.8; Zc 13.4). Desse modo, Marcos apresenta a primeira evidência do elo entre João Batista e Elias. João é o precursor prometido, um profeta de grande importância escatológica que cumpriu sua missão proclamando: "Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas."
Essa mensagem é dirigida à toda a nação como preparação necessária para a vinda do Senhor. Há um mover em massa daqueles que moram na Judéia e em Jerusalém.(1.5, cf. 3.8), embora tivessem que percorrer o difícil caminho para ouvi-lo no deserto. A mensagem, recebida por muitos, apesar das dificuldades, vincula três aspectos inseparáveis: arrependimento (uma nova atitude de coração e mente), acompanhado da confissão (uma demonstração audível do arrependimento), e batismo (uma representação visível do arrependimento). João não facilita as coisas para ninguém; ele exige muito de seus ouvintes (do mesmo modo como, mais tarde, Jesus chama homens e mulheres ao discipulado radical).
O chamado de João ao arrependimento pressupõe que a reconciliação com Deus é indispensável a fim de superar a separação causada pelo pecado. Arrependimento (metanoia) significa uma mudança deliberada de atitudes, que resultam numa mudança de comportamento. Pessoas arrependidas não fogem da realidade de sua condição de pecadores, nem procuram desculpas para seus pecados. Elas confessam abertamente seu pecado a Deus (cf. Lc 18.13) e afirmam que desejam viver de acordo com a vontade de Deus. A genuína tristeza pelo pecado leva à conversão, a qual envolve uma completa mudança de rumo. Embora a jornada comece com a tristeza de um espírito quebrantado, esta leva à alegria das boas novas de perdão, pois Deus não despreza o coração contrito (Sl 51.17).
Chamando os judeus, como indivíduos e como nação, para voltarem-se a Deus, João prega imersão (baptizon) como uma expressão do arrependimento. Como acontecia aos gentios, que eram batizados ao converterem-se ao Judaísmo, os judeus que confessam estar alienados de Deus são batizados por João. Assim como a mensagem de João prepara o caminho para a salvação prometida, o perdão que ele prega prepara o caminho para o perdão completo, disponível exclusivamente por meio de Jesus Cristo. Ainda assim, não é o ritual do batismo que traz o perdão. O batismo é, na realidade, a expressão do arrependimento que resulta no perdão de pecados.
1.7-8 - O chamado de João para o arrependimento indica que alguma coisa extremamente importante está para acontecer. Nas únicas palavras suas mencionadas no Evangelho de Marcos, João declara que alguém mais poderoso que ele está para vir. Ele exalta a pessoa de Jesus, a figura central em seu ministério. Tanto João quanto Jesus são servos de Deus e ministros em seu plano de redenção; mas, como João mesmo aponta, Jesus é maior em poder, em dignidade e ministério. João é o maior dos profetas (Mt 11.11), mas Jesus é de uma ordem de grandeza diferente. Ele é o Filho de Deus, cheio e dirigido pelo Espírito Santo (1.10-12).
Apesar da importância de sua missão, João é humilde. Naqueles dias, os discípulos serviam seus mestres da mesma maneira que os escravos serviam seus senhores, exceto em desatar suas sandálias. Essa tarefa nem mesmo escravos hebreus realizavam. João, entretanto, é indigno de desatar as tiras das sandálias daquele que estava chegando, seu Senhor, cuja dignidade é insuperável.
O ministério de Jesus é também mais poderoso. Apesar de seu apelido, Batista, por causa de sua ênfase, João deixou claro que seu batismo é limitado. É preparatório para aquele que viria. A regeneração completa virá somente com o batismo com o Espírito Santo que Jesus ministrará. Como Hooker diz, João é "uma figura enigmática, que não pertence nem à ordem dos antigos profetas (pois ele os completa) nem à nova ordem do evangelho (pois ele é seu arauto). Seu papel é o de testemunha e precursor".[8]
A primeira menção do Espírito Santo neste Evangelho identifica totalmente Jesus com a salvação prometida, associando-o com o derramar do Espírito (Jl 2.28s; Ez 36.26s). Logo após ser ungido pelo Espírito (1.10), Jesus irá conceder o Espírito aos outros.
Nos versículos 2-8, Marcos estabelece que a vinda de João marca o primeiro e indispensável passo para cumprir as antigas promessas de salvação. João prepara o caminho para o Senhor. O povo, por meio de seu arrependimento e batismo prepara-se para receber o Messias. A cena está pronta para o Senhor. Então, conforme Marcos diz no versículo 9. "Jesus veio".
JESUS É BATIZADO 1.9-11
De acordo com os profetas (1.2s), o mensageiro é enviado para preparar o caminho do Senhor. Como João cumpriu sua missão, Jesus veio. Marcos nada relata sobre o nascimento de Jesus; ele já havia identificado Jesus como o Filho de Deus. Simplesmente diz que "Jesus veio de Nazaré na Galiléia," localizando o cumprimento da promessa de Deus dentro da história. Ele não está simplesmente relatando "verdades espirituais"; esses são eventos ocorridos em épocas e locais determinados. Jesus veio de Nazaré, uma pequena e insignificante cidade da Galiléia (Jo 1.46). Fechando seu Evangelho com a referência a "Jesus de Nazaré" (16.6), Marcos mostra a coesão de sua narrativa. Ao mesmo tempo ele identifica o Jesus ressurreto com o humilde servo de Deus da Galiléia.
Jesus faz a viagem, de cerca de 160 km, com o propósito específico de ser batizado por João no rio Jordão. Considerando os contrastes entre João e Jesus (vv. 2-8), parece estranho que Jesus, que batizará com o Espírito, busque o batismo para si.
Mais estranho ainda é o fato de Jesus submeter-se ao "batismo de arrependimento para remissão de pecados"(1.4). Deveriam os leitores concluir que Jesus, como os outros batizados por João, fosse um pecador arrependido? Impossível, pois lemos no prólogo que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus (v. 1), o Prometido (vs. 2, 3), o doador do Espírito (v. 8). Além dessas evidências, Deus mesmo e o seu Espírito celebram o batismo de Jesus, testemunhando sua singularidade. De acordo com essas evidências, Jesus não é um pecador, mas o amado Filho com quem o Pai se alegra (v.11).
Jesus, o Único que batiza com o Espírito, é batizado nas águas. Exatamente como João está posicionado entre a velha e a nova aliança, Jesus é o intermediário entre Deus e os homens, representando um diante do outro. Como homem, ele toma para si o julgamento de Deus em relação ao pecado — ou seja, julgamento sobre os pecados de outros, pois ele mesmo não tem pecado (cf. 2 Co 5.21). Pelo seu batismo, então, Jesus dá o primeiro passo para identificar-se com os pecadores. Ele irá mostrar sua solidariedade com a humanidade de outras maneiras conforme a história relata.
Quando Jesus sai da água, ele vê o céu abrir-se, e percebe que Deus constrói uma ponte sobre o abismo que separa terra e céu. Essa deve ser a resposta ao desejo do profeta pela salvação de Israel, no qual apela a Deus para "se fendessem os céus e descesses" (Is 64.1; ver "rasgar-se."em Mc 15.38).
O princípio do Evangelho (1.1) remete-nos ao princípio da criação (Gn 1.1s), quando o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas. O Espírito vem sobre Jesus, no princípio da nova criação, como uma pomba que desce, paira e pousa. Ele não somente paira sobre Jesus, mas vem para pousar permanentemente nele (cf. Is 11.2; 61.1 e Lc 4.18; Jo 1.32-34).
Em contraste com as referências sobre o Espírito vindo sobre líderes do Antigo Testamento, Marcos diz que o Espírito entra (eis) em Jesus.
Como Filho de Deus, cheio do Espírito, e guiado pelo Espírito, Jesus age com a autoridade e o poder de Deus. Tudo o que se segue deve ser entendido no contexto de Jesus completamente guiado pelo e cheio do Espírito. Suas palavras e seus feitos apresentam exemplos concretos do que significa viver sob a direção do Espírito.
A simplicidade da narrativa de Marcos sobressai em marcante contraste com os majestosos eventos descritos. Uma voz dos céus diz: "Tu és meu Filho amado, em ti me comprazo". Deus, cuja voz tinha estado calada por séculos, fala a Jesus, seu Filho, em tom de intimidade familiar, no qual expressa sua completa e irrestrita aprovação. Seu pronunciamento acena para várias passagens da Escritura de modo a enriquecer seu significado original. "Tu és meu Filho" nos lembra o Salmo 2.7, inicialmente falado aos reis de Israel. "Meu Filho amado" reflete as instruções de Deus a Abraão: "Tome seu filho, seu único filho Isaque, a quem você ama" (Gn 22.2; Mc 9.7; 12.6). No pensamento judaico, o sacrifício de Isaque era entendido como a base para o oferecimento de sacrifícios no templo em Jerusalém.
Além disso, as palavras de Deus a Jesus lembram Isaías 42.1. "Eis o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem se compraz a minha alma; pus o meu Espírito sobre ele; ele trará justiça às nações". A alusão a Jesus, Filho de Deus, como rei é coerente; mas os reis não são servos nem servis. Esse paradoxo, entretanto, forma o âmago do evangelho, uma ironia que confunde aqueles que acompanham Jesus durante sua vida, e continua a ser um bloqueio ainda hoje. Por meio dessa combinação de textos (Sl 2.7 e Is 42.1), porém, aprendemos que "Jesus é designado como Messias-Rei cuja tarefa é radicalmente reinterpretada em termos da missão do Servo sofredor de Deus".[9]
A frase "Tu és meu Filho" descreve mais do que somente os feitos de Jesus; refere-se principalmente ao seu ser. O papel de Jesus como Servo Sofredor tem significado remidor por causa de quem Jesus é em relação a Deus. Ele é o Filho de Deus; seus feitos, suas palavras e autoridade vêm de sua unidade com o Pai. Nós conhecemos Deus, o Pai, por intermédio de seu Filho. Deus, que por séculos não se revelava, agora fala, expressando sua apreciação por Jesus, seu Filho.
A aprovação do batismo de Jesus, sinaliza que ele é o filho obediente que se identifica com os pecadores, cuja expressão maior será a cruz. Mas Jesus também está destinado a reinar. Ele é o Servo Sofredor, ungido pelo Espírito e escolhido pelo Pai, que governará como Servo do Senhor.
Jesus experimenta as três coisas que, de acordo com a tradição judaica, poderiam sinalizar o surgimento do reino escatológico de Deus: os céus se abrem, o Espírito vem sobre ele, e uma voz do céu fala com ele. A ocorrência desses três eventos em seu batismo indica que o reino está próximo (cf. 1.14s), com Jesus como seu inaugurador.
Embora Jesus tenha sido batizado na presença de muitas pessoas, Marcos sugere que somente Deus o Pai, o Filho, e o Espírito Santo eram conhecedores do que realmente ocorreu naquela ocasião. Para as pessoas presentes no seu batismo, a identidade de Jesus permanece um segredo a ser desvendado a partir do momento em que seu ministério se manifestar. Paradoxalmente, ele revelará que é o Filho de Deus por meio de sua fraqueza, que culminará com sua Crucificação. Nesse ínterim, Ele permanece incógnito como Filho de Deus.
Nesses primeiros versículos, o narrador nos dá informações valiosas, que nos capacitarão a entender aquilo que os primeiros discípulos só compreenderam com muita dificuldade.
JESUS É TENTADO POR SATANÁS 1.12-13
O leitor poderia esperar que o Espírito Santo imediatamente apresentasse Jesus publicamente como o Filho amado de Deus para que toda a humanidade aclamasse seu poder e o adorasse. Muito pelo contrário, o Espírito impele Jesus para o deserto, para empenhar-se num teste de força com Satanás o qual usurpara o controle sobre este mundo (cf. Ef 2.2; 6.12).
O Espírito inicia a batalha imediatamente após a unção de Jesus (1.9-11), pois ele deve ser testado antes de que possa proclamar que "o reino de Deus está próximo" (1.14s). Deus o testa com o desejo de aprovar; é parte da disciplina divina (cf. Hb 5.8; 12.6). Por outro lado, Satanás testa com hostilidade, com a intenção de vencer Jesus, desviando-0 de sua missão.
A tentação de Jesus não é uma mera formalidade. Como Hebreus 4.15 diz: "foi ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança" (cf. Hb 2.14-18). Essa é uma evidência de sua participação em nossa humanidade. Entretanto, sua tentação é distinta, pois traz conseqüências cósmicas. Nessa batalha com Satanás, o Filho do Homem inicia sua jornada solitária que o levaria a outros testes e à morte antes de sua ressurreição e glória (cf. 8.31).
O número quarenta lembra os quarenta anos de teste de Israel no deserto (Nm 32.13; Sl 95.10). Os israelitas também experimentaram a provisão divina no deserto. Agora Jesus não só passa pela tentação como também é servido por anjos em sua experiência no deserto. De acordo com Is 40.3 e Mc 1.2-3, o Messias vem no deserto.
Embora Marcos não anuncie a derrota de Satanás, ele pressupõe que Jesus quebrou o poder de Satanás e, assim, garante a sua completa vitória (como ele mesmo prevê em 8.38; 13.26; 14.62). Isso, entretanto, não implica que Satanás tenha deixado Jesus. A tentação constitui apenas o primeiro dos vários encontros de Jesus com o diabo. Espíritos malignos continuam a lutar contra ele durante toda sua vida. O "adversário" intensifica a batalha no Getsêmane e no Calvário (14.36; 15.34, 37). O conflito só terminará, entretanto, com a derrota final e a prisão do "adversário" para todo o sempre (Ap 20.10).
Assim como os seres celestiais adoram Jesus (Hb 1.6), os anjos o servem durante esses quarenta dias de tentação. Possivelmente, a referência à presença de Jesus entre os animais seja uma alusão à restauração do Éden (Is 11.6-8; 65.25; Os 2.18) com a reversão da inimizade que surgiu no universo como resultado da queda (Gn 3.15). Na vitória final sobre Satanás, toda a criação ficará livre de sua escravidão (Rm 8.19-23).
Em meio à fartura, e com os animais sujeitos ao seu domínio, Adão caiu em tentação. Cercado pela escassez e a hostilidade do deserto, Jesus prevalece. Ele, como Adão, foi levado por Deus à tentação imediatamente após o seu comissionamento; mas, ao contrário de Adão, Jesus resistiu à tentação e, portanto, restaurou o paraíso. Esse conflito com Satanás forma parte do pano de fundo do ministério de Jesus.
Nesses versículos iniciais, o autor relata a preparação de Jesus para o ministério que ele abraçaria em breve. Simultaneamente, ele nos dá uma valiosa "informação confidencial", a qual nos ajudará a entender o significado de toda a narrativa.
O prólogo apresenta muitas das principais pessoas e temas de toda a história. Somos apresentados ao Deus triúno, os relacionamentos entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo e o envolvimento ativo deles com a humanidade. Somos alertados para o conflito com Satanás. Ouvimos os testemunhos dos mensageiros de Deus, culminando com a declaração do próprio Deus de quem é Jesus. Temos oportunidade de ver Jesus do ponto de vista de Deus. A participação humana, entretanto, é limitada a João como mensageiro de Deus, e às pessoas que respondem à mensagem.
Esses treze versículos nos oferecem uma pista interna para entender o que os participantes, que ainda serão apresentados, aprendem indutivamente à medida em que, pouco a pouco, reúnem as evidências. Quando contemplamos Jesus pelo estudo do evangelho de Marcos, nossa compreensão de quem ele é, e a relevância disso para nossas vidas, se torna progressivamente mais clara, assim como ocorreu com homens e mulheres naquela época, aqueles que tiveram ouvidos para ouvir e olhos para ver.
A AUTORIDADE DE JESUS
É CONFIRMADA E CONTESTADA - 1.14-3.6
Por intermédio da pessoa de Jesus, Deus convida homens e mulheres a viverem sob sua direção, como membros de seu reino. Em termos simples, diretos e pessoais, essa vida é descrita pela frase "seguindo a Jesus".
Vemos Jesus em meio às pessoas de seu tempo, acessível e sensível às suas necessidades. Ficamos impressionados e, algumas vezes, chocados com suas palavras. Observamos sua autoridade sobre as forças naturais e sobrenaturais. Enquanto isso, perguntamos: se ele é o Filho Ungido de Deus (como declarado em 1.1, 11), por que não declara a sua identidade abertamente e estabelece o reino de Deus imediatamente? Se os maus espíritos sabem quem ele é, por que Jesus os proíbe de declarar isso? Por que ele é rejeitado pelos líderes religiosos? Tais paradoxos nos confrontam com a questão básica: "Quem exatamente é Jesus?"
Cumprindo seu papel como protetores das tradições de Israel, os líderes religiosos misturam-se à multidão para investigar esse líder popular. Em cinco parágrafos, habilmente formados ao redor de cinco questões (2.1-3.6), Marcos traça a crescente reação negativa a Jesus. Eles avan
PASTOR.ANTONIO LUIZ
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Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.(Mateus 6:33)
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Presidente de honra da ieaderp
Antonio Silva Santana nasceu em 1932 na cidade de Baixa da Palmeira (BA). Iniciou seus trabalhos na obra do Senhor Jesus ainda jovem, foi separado para o santo ministério em 1970 e auxiliou diversos pastores, até ser convocado a assumir a Assembléia de Deus na cidade de Franca (SP). Anos depois, foi convocado para presidir a IEADERP. Em 1994, iniciou o trabalho de construção de um grande templo, localizado na Via Norte. Em 2014 ele completará 30 anos de ministério. O evento de ação de graças aconteceu nos dias 11 e 12 de Janeiro de 2014 - no Grande Templo da IEADERP.
Para contato com o pastor presidente o email: comunicacoes.ieaderp@gmail.com ou pelo telefone 16 3636-9591 (Ribeirão Preto).
Pastor Antonio Silva Santana e irmã Lourdes Santana
Pastor Presidente.Jairo Santana
Palavra do Pastor Presidente ESTAMOS NA HORA FINAL.
A hora do esforço maior!
O Apóstolo João adverte: “Filhinhos já é a ultima hora”( I João 2 : 18)
O gelo da incredulidade tem apagado a chama de muitos corações.
Para nós é a última hora, por isso inimigo de nossas almas tem aumentado a sua semeadura, obscurecendo a obra de Deus e arrancando os últimos grãos de mostarda dos corações fiéis. Através de sutilezas, ele desvia a atenção dos crentes para o materialismo e destrói o vinculo da perfeição que procede do verdadeiro temor de Deus – principio de toda a sabedoria (Pv. 9:10). Tomemos uma decisão agora, antes que seja tarde demais, não basta termos uma visão das necessidades espirituais do mundo e continuarmos de braços cruzados, apenas sentir-se superficialmente comovido, o que nada resolve. É necessário que nos levantar, entrar em ação e fazer alguma coisa.
Paulo, o grande missionário, quando teve a visão do moço da Macedônia, não se esquivou, nem apresentou desculpas, mas deixou tudo e imediatamente partiu. Que o mesmo aconteça conosco! Que os nossos olhos contemplem os milhões sentados em densas trevas, esperando por alguém, por uma mão estendida para conduzi-los a Cristo, pois se aproxima o grande dia da volta do Senhor Jesus e muita coisa ainda há para ser feita. Precisamos reconhecer que ainda há muito que se fazer em prol da evangelização. O Mundo é um campo vastíssimo, muitas igrejas estão perdendo o seu vigor espiritual se envolvendo no luxo, na política; num evangelho social. Oremos irmãos, para que um verdadeiro avivamento venha abrasar os corações, assim teremos certeza que haverá semeadores em número suficiente para esta hora final.
Resta-nos pouco tempo.
Cristo convoca a todos os crentes – fiéis soldados para a obra do esforço maior. Entremos em ação, pois uma responsabilidade sem limites recai sobre os ombros dos legítimos servos de Deus.
“Livra os que estão sendo levados para a morte e salva os que já estão cambaleantes” Prov. 24: 11.
Nós somos os legítimos responsáveis por esta geração. Qual será a nossa atitude? Permaneceremos surdos ao gemido de milhões ao nosso redor que clamam por salvação?
Façamos nossas as palavras do Apostolo Paulo: “Porque se anuncio o Evangelho não tenho de que me envergonhar, pois me é imposta essa obrigação e ai de mim se não pregar o Evangelho” (ICo. 9:16). Urge uma ação total e poderosa da Igreja do Senhor no Brasil para a evangelização de todos as gentes. Os trigais estão maduros.
Que assim Deus nos ajude! Amém.
Pastor.Jairo Santana
Presidente da Igreja Evangelica Assembléia de Deus Missão Ministerio de Ribeirão Preto s/p
IEADERP
Poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos
os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
A alguns deles não procuro, basta saber que eles existem. Esta mera condição
me encoraja a seguir em frente pela vida...mas é delicioso que eu saiba
e sinta que eu os adoro, embora não declare e os procure sempre...
Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu Seu filho unigênito,
para que todo aquele que nee crê não pereça, mas tenha a vida eterna.Jo 3.16,
Os Fundadores das Assembleia de Deus No Brasil os Misionário Suecos Daniel Berg e Gunnar vingren
ESTA ERA A PREGAÇÃO DOS MISSIONÁRIOS ,Jesus Salva, cura, batiza com o Espírito Santo e em breve voltará!
"Quando Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram a Belém do Pará, em 19 de novembro de 1910, ninguém poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um movimento que alteraria profundamente o perfil religioso e até social do Brasil por meio da pregação de Jesus Cristo como o único e suficiente Salvador da Humanidade e a atualidade do Batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais.
Em 18 de junho de 1911, os missionários suecos e mais dezenove irmãos, oriundos da Igreja Batista de Belém, fundaram a Missão de Fé Apostólica, que mais tarde, em 1918, ficou conhecida como Assembléia de Deus".
“No dia 5 de novembro de 1910, os missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren deixaram Nova Yorque abordo do navio "CleMent" com destino à Belém do Pará. No início do século XX, apesar da presença de imigrantes alemães e suíços de origem protestante e do valoroso trabalho de missionários de igrejas evangélicas tradicionais, nosso país era quase que totalmente católico [...] Disso tudo surgiu a necessidade de que o trabalho fosse organizado como igreja, o que se deu a 18 de junho de 1911, quando por deliberação unânime, foi fundada a Assembléia de Deus no Brasil, tendo em Daniel Berg e Gunnar Vingren os primeiros orientadores [...] Em 11 de Janeiro de 1918 a denominação foi registrada oficialmente como pessoa jurídica. Com o nome de Assembléia de Deus.”
em 6 de Março de 1946 nasce o primero circulo de oração na casa de irmã Albertina no Recife .
Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.
2 Coríntios 5:17
VOCÊ AINDA PODE ESCOLHER, CEU OU INFERNO?EXISTEM DUAS PORTAS,UMA DELAS ENTRAREMOS
SEREMOS BEM RECEPCIONADOS,POREM A OUTRA SEREMOS EMPURRADOS E OBRIGADO A ENTRAR...
VEJA BEM,DUAS PORTAS E UMA SÓ ESCOLHA...E VC JÁ FEZ A SUA ???????
A HISTÓRIA DE LÚCIFER
Reflexição
Amigo é aquela pessoa com quem conversamos sem reservas,
independente da hora ele sabe oferecer o aconchego do seu coração sem pedir nada em troca, e quando ele precisa sabe que pode fazer o mesmo sem objeção, não importa o tempo que estejam distante fisicamente, amizade é irmã do amor e não tem cara, tem reciprocidade, afetividade, respeito, carinho, confiança e alegria.
Amigo é aquela pessoa que nos diz o que acha ser correto, mesmo não sendo o que gostaríamos de escutar, más sabe respeitar a decisão do outro sem censuras.
Amigo nos avisa do perigo quando não conseguimos enxergar, sem contrapor nas decisões tomadas.
Amigo sabe dar e receber o ombro amigo sem pré-requisitos, ele sabe ouvir, tanto quanto escutar...
Amigo naturalmente se comporta com aceitação mil e ameaça zero.
Não existe escola para formação de amigos,
eles por si já nascem aptos, por isto não impomos regras dentro de uma amizade,
elas se compatibilizam....
BANCO DE ORAÇÃO! Havia um certo homem na Bíblia que comoveu o coração do SENHOR. Este homem foi Jabez e foi recompensado pelo PODER DA ORAÇÃO. [Óh Senhor que me abenções] [Que alargues as minhas fronteiras] [Que seja comigo à tua mão] [E me preserves do mal] [De modo que não me...
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TWITTER: www.twitter.com/adbrasil Jesus Salva, cura, batiza com o Espírito Santo e em breve voltará! "Quando Daniel Berg e Gunnar Vingren, chegaram a Belém do Pará, em 19 de novembro de 1910, ninguém poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar...
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Deus está abrindo uma porta diante de você. Porta aberta é sinal de boas-vindas, de cordialidade e de que você é aguardado. Jesus tem as chaves Assim diz o Senhor eu abro as portas conforme o Meu querer E as fecho também, Ninguém vai fechar o que Eu abrir, Ninguém vai abrir o que Eu...
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Eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia. 2º Timóteo 1:12 'Eu, espero com alegria a volta de meu Jesus para me levar com ele ir morar no céu de Luz pois ele me prometeu lá no céu um galardão ali terei um novo nome e gozarei...
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???O QUE É MISSÕES??? MISSÕES É ARTE DE AMAR. AMAR como JESUS amou. ARTE de se ENTREGAR, SE ENTREGAR COMO JESUS SE ENTREGOU. MISSÕES É ENTRAR EM GUERRA pra FALAR DE PAZ. É CHORAR PRA TRAZER ALEGRIA, É MORRER PARA TRAZER A VIDA. É DEIXAR MARCAS POR ONDE PASSAR, É MUDAR A HISTÓRIA DO MUNDO... É...
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Pois, misericórdia quero, e não sacrifício.” (Os 6.6). Olhar para o outro e chorar com ele, entender seus valores, compreender sua dor, respeitar suas decisões por mais estranhas que pareçam... Caminhar uma milha, carregar no colo quando necessário, ouvir seus lamentos, silenciar...
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